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domingo, 24 de outubro de 2010
SOBRE A ENTREVISTA
QUESTIONÁRIO
Entrevista com Nadir dos Santos, Mestre do Samba de Pareia, Povoado Mussuca/Laranjeiras/SE, em 10 de outubro de 2010. Ela nos recebeu em sua casa com um sorriso que demonstrava a satisfação e o orgulho que sente da cultura herdada de seus antepassados.
Dona Nadir, seu nome completo?
Maria Nadir dos Santos.
Quando foi fundado o grupo Samba de Pareia?
Num sei dizê o ano só sei que foi no dia 23 de julho.
Por que o nome Samba de Pareia?
Pur que é dançado em par – de dois em dois
O que festeja o Samba de Pareia?
Quando nasce uma criança, quinze dia depois, nóis vai na casa da pessoa prá festejá o nascimento da criança qui pra nóis é mutivo de alegria.
O grupo é formado de vinte e quatro pessoa, vinte e uma mulé e três home.
Desde que surgiu sempre foi composto dessa forma, mais mulheres do que homens?
Não. Antes dançava tudo junto, home e mulé, mas os home precisou saí pra trabalhar fora, empregado e não podia fartá o trabaio para acupunhar os festejo. Foi aí que as mulé – donas de casa, viúvas e idosas - tomaram conta do Samba de Pareia.
Qual a função dos três homens que ainda participam do grupo?
Eles tocam os instrumentos.
Os homens da comunidade apoiam as mulheres que participam dessa dança?
Sim. Eles apóia.
PESQUISA
Durante as aulas da disciplina Optativa II: Identidades Culturais na Pós-Modernidade, ministrada pela Profª. Drª. Vilma Mota Quintela, foi proposto por ela pesquisas sobre minorias identitárias com base na obra de Hall. Escolhemos pesquisar a minoria masculina no Samba de Pareia da Mussuca, visando compreender o motivo pelo qual dos vinte e quatro componentes desta antiga manifestação cultural, apenas três serem do gênero masculino.
ObjetivoCompreender o processo de reelaboração da cultura da Mussuca que culminou com a mudança na composição do grupo de Samba de Pareia ou Parelha da Mussuca, localizado no Município de Laranjeiras - Sergipe.
Passo a passo
A partir de leituras sobre o Samba de Pareia, elaboramos um questionário e fomos ao local entrevistar a representante do grupo, Dona Nadir, o processo foi registrado em filmagens e fotografias.
Resultado
Os moradores da Mussuca ainda resistem à presença do branco e orgulham-se de serem negros remanescentes de quilombolas. Os poucos brancos que lá residem respeitam e valorizam os traços identitários que caracterizam a comunidade da Mussuca.
O envolvente Samba de Pareia da Mussuca contagia até os visitantes, a exemplo do grupo Interativo (Glinan, Joseane, Isabel, Marivaldo e Rosângela).
Dividir o palco com artistas consagrados como Chiko Queiroga e Antônio Rogério, eleva auto-estima, não só dos participantes do Samba de Pareia, mas de todos da comunidade.
A participação do Samba de Pareia da Mussuca em eventos promovidos pelo Governo do Estado, a exemplo do Arraial do Povo, na Orla de Atalaia, demonstra o valor dessa importante manifestação para o acervo da cultura imaterial de Sergipe e do Brasil, pois a escravidão é parte significativa da nossa História.
Dona Nadir orgulha-se de ter sido premiada com as Medalhas de Mérito Cultural Tobias Barreto e a do Mérito Aperipê concedida pelo Governo do Estado em 9 de julho de 2009 e 9 de agosto de 2009 respectivamente, representando a cultura popular com o Samba de Pareia da Mussuca, o que deixa não apenas ela como também todos os remanescentes de quilombolas da Mussuca confiantes e orgulhosos da própria história, contribuindo portanto, para a valorização e a afirmação das suas identidades.