A pesquisa sobre o Samba de Pareia da Mussuca foi sugerida por Joseane que possui familiares residentes no Povoado Mussuca. O fato do grupo Samba de Pareia ser formado por 24 componentes dos quais apenas 03 serem do sexo masculino, nos despertou interesse de pesquisar o motivo da pequena representatividade dos homens nessa manifestação.
O trabalho ocorreu sem grandes dificuldades, apenas não foi possível reunir todos os integrantes do Samba de Pareia, mas Dona Nadir – líder do grupo foi muito solícita para esclarecer todos os nossos questionamentos sobre essa manifestação. Durante toda entrevista ela enfatizava o orgulho que a comunidade tem das suas tradições, das suas manifestações culturais e de sua origem africana, isso nos fez perceber que o Samba de Pareia, o Reisado, o orgulho de serem negros descendentes de escravos são fortes traços identitários que os identificam e os mantém unidos.
Esse trabalho foi de suma importância para um melhor entendimento sobre a formação das identidades culturais, pois pudemos comprovar na prática que assim como a cultura, a identidade também não é algo fixo, estão em constantes transformações. Assim, não devemos conceber o sujeito pós-moderno como alguém que não possui uma identidade incompleta que vai se formando ao longo de sua vida. Dessa forma “(...) a identidade é realmente algo formado, ao longo do tempo, através de processos inconscientes e não algo inato, existente na consciência no momento do nascimento” (HALL, p. 38, 2010). Outra importância dessa pesquisa para nós foi fazer uso da moderna ferramenta – blog – para divulgar elementos da nossa cultura imaterial para o mundo, ajudando a mantê-la sempre viva e dinâmica.
A entrevista que teve como objetivo principal conhecer os motivos que fizeram o homem tornar-se minoria no Samba de Pareia da Mussuca, ocorreu de forma prazerosa, visto que a entrevistada, Dona Nadir respondeu a todas as perguntas de maneira muito solícita e sábia.
No Samba de Pareia da Mussuca os homens e mulheres dividem o posto de “Mestre”, sem sexismo (atitudes discriminatórias com base no sexo). Para esta comunidade o que importa é preservar a memória dos seus antepassados, cuidando das heranças culturais recebidas. Deslocamentos na base econômica do povoado Mussuca inviabilizaram uma participação mais efetiva dos homens n0 Samba de Pareia. Isto fez com que as mulheres assumissem o comando desta importante manifestação da cultura imaterial do Estado de Sergipe, tornando-se maioria – 21 mulheres e três homens. Os “Mestres” da esquerda para a direita são: Dudu, Alcides, Nadir, Ilza e Mangueira (irmão de Dona Nadir).
Os moradores da Mussuca ainda resistem à presença do branco e orgulham-se de serem negros remanescentes de quilombolas. Os poucos brancos que lá residem respeitam e valorizam os traços identitários que caracterizam a comunidade da Mussuca. 

